NÓS-Unidade Popular. Reproduzimos a intervençom de Abraám Alonso Pinheiro, responsável comarcal do Condado na homenagem no monte Galheiro ao guerrilheiro Manuel Gonçalves Fresco, assassinado pola Guardia Civil há 72 anos.
Bom dia companheiras e companheiros.
Encontramo-nos hoje aqui, no monte Galheiro neste dia próximo do fim do ano, porque há por estas datas 72 anos, aqui mesmo, a Guardia Civil de Ponte Areias ou os falangistas locais assassinavam, entre outros, Manuel Gonçalves Fresco.
De NÓS-Unidade Popular homenageamos hoje um homem que atingiu o grau de mito na memória colectiva polo seu inquestionável compromisso com a liberdade e com valores tais como a igualdade e justiça social. Por isto, o Fresco é também para nós mais um exemplo a seguir.
Manuel Gonçalves Fresco, que nascera a 20 de Agosto de 1886, foi um dos fundadores do Partido Socialista Obreiro Espanhol de Ponte Areias do qual se desafiliou ao pouco tempo ao manter diferenças com a sua direcçom por se enquadrar ele na linha das teses defendidas por Largo Caballero no momento em que falava de umha revoluçom socialista. Participou também, e activamente, na organizaçom da campanha do Estatuto. Ramón Chao afirma que estivo no Partido Galeguista junto a Pepe Velo Mosquera, quem logo participaria no assalto e seqüestro do trasatlántico português ‘Santa María’. Essa acçom levada a cabo contra as ditaduras de Franco e Salazar tinha por finalidade desembarcar em Angola e ligar com o Movimento Popular de Libertaçom de Angola para contribuir na luita pola descolonizaçom daquele país.
Atendendo às suas privilegiadas condiçons de vida, surpreende ainda hoje a sua corasoja e valente decisom de nom acatar a nova ordem emanada do golpe militar fascista. Manuel Gonçalves Fresco, filho e herdeiro da burguesia Viguesa, optou por apoiar a defesa da República que o proletáriado estava a dar em Vigo.
Dou leitura agora a um parágrafo tirado do livro da autoria de Vítor Fernandes Freixanes, ‘O Fresco’ Memória de um fugido, no qual podemos apreciar o singular desta personagem de família endinheirada:
“Di-se que Fresco radicalizou as suas posiçons quando a Frente Popular. Pudera ser. Radicalizou-se daquela toda a esquerda em geral e, mais concretamente, as correntes do socialismo das quais já falamos. Os seus escritos, contodo, mostram um homem preocupadoo e obrigado com umha classe social que nom era a sua, mas que “nos da de comer”, tal e como ele mesmo di, que vive marginada e que se calhar está a topar os caminhos da sua libertaçom social. Nom é um marxista confesso, nom é um ortodoxo, mas conhece a dinámica da luita de classes, crê numha sociedade para o futuro que “jamais atingirá a sociedade capitalista”, sabe que na luita de interesses da qual depende o futuro da sociedade cumpre tomar partido, saúda o comunismo como a libertaçom do ser humano, rejeita os sectores “pactistas” ou mais moderados quando cumpre dar o pulo decisivo da revoluçom social, polemiza, milita, bole... Quando a 20 de Julho de 1936, próximo a cumprir os cinqüenta anos, a sua posiçom está certamente definida.”
No dia 20 de Julho de 1936, horas depois de que às 11 da manhá o Capitán António Carreró Vergés saíra às ruas de Vigo com um piquete de soldados a declarar o estado de guerra, e depois de manter umha reuniom em Ponte Areias com o “Comité Revolucionário Gubernamental” que solicitara a sua presença, deslocou-se até Lavadores. Ali entregou armas e muniçons às obreiras e obreiros que defendiam nas barricadas a ordem republicana burguesa, em condiçons de inferioridade e de abandono por parte de umhas instituiçons vacilantes. Encabeçou também o assalto a um chalet propriedade de um homem da direita, de onde se tinha disparado contra aqueles e aquelas que combatiam o fascismo na rua. Depois decidiu fugir ao monte a aguardar que o pesadelo acabasse quanto antes, sabedor de que a sua vida corria sério perigo ao se converter em defensor activo da ordem vigorante contra a qual se levava a cabo o golpe militar.
O Fresco significou para muitas e muitos, durante os anos da guerra e da ditadura, exemplo de dignidade e resistência, de valor e de coragem. O Fresco nom era um combatente, nem um intelectual. Tampouco fijo parte de umha guerrilha que anos depois ao seu assassinato combateria o fascismo de forma organizada um pouco por toda a geografia galega. Mas Manuel Gonçalves Fresco demonstrou com o seu exemplo gigante que nom se deve ficar paraslisado perante as agressons, que se podia e devia tomar outro caminho que o da rendiçom e a incorporaçom à nova ordem que começaria a sua macabra andadura tres anos depois. Demonstrou que como di a cançom “quen morre pola vida nom pode chamar-se morto” e som efectivamente semente, semente de vencer.
Por estes montes, com outros fugidos andos a sobreviver por volta de uns cinco meses.
Considera-se que a 23 de Dezembro de 1936 era assassinado a maos da Guarda Civil de Ponte Areias ou dos Falangistas, deixando o seu corpo neste monte Galheiro até o dia 6 de Janeiro....
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